Engenheiros Do Hawaii – Resenhas Gessinger, Licks & Maltz
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Engenheiros Do Hawaii
Gessinger, Licks & Maltz
1992
BMG
Faixas:
01. Ninguém = Ninguém – 5′02
02. ?Até Quando Você Vai Ficar? – 3′28
03. Pampa No Walkman – 3′15
04. Túnel Do Tempo – 4′58
05. Chuva De Containers – 3′07
06. Pose (Anos 90) – 5′47
07. No Inverno Fica Tarde + Cedo – 4′31
08. Canibal Vegetariano Devora Planta Carnívora – 6′21
09. Parabólica – 2′35
10. A Conquista Do Espelho – 2′39
11. Problemas… Sempre Existiram – 4′42
12. A Conquista Do Espaço – 5′20
Integrantes:
Humberto Gessinger – voz/baixo/teclados/sintetizadores e violão
Augusto Licks – guitarra/midi pedalboard e violões
Carlos Maltz – bateria e percussão
Resenha:
01. Ninguém = Ninguém
Baixo dedilhado? Esse é Humberto! As guitarras de Augusto Licks (por onde andas?) são soberbas, limpas, sem firulas e sim boas melodias.
As letras de Humberto são um caso a parte, aliás, em toda a discografia da banda, na minha opinião o melhor compositor do Brasil (não, não é exagero da minha parte!) E além de tudo um dos melhores baixistas que já pisou em palcos brasucas (é uma pena que largou o baixo para se tornar só ‘mais um guitarrista’).
Junto com Carlos Maltz na bateria há convenções, mudanças e riffs por toda a música. Uma época pra se lembrar.
Na modulação pro solo a coisa fica mais interessante ainda, com direito a citação de Oh! Pretty Woman de Roy Orbinson e tudo.
E quer saber? Eu adoro o vocal do Humberto Gessinger! Principalmente as várias sobreposições que ele sempre explorou.
02. ?Até Quando Você Vai Ficar?
A porta foi fechada para as mentes ignorantes! Tendo dito isso já corto metade do caminho!
Dessa vez as guitarras de Augusto parecem quase um relógio, é o tal do midi pedalboard e das guitarras midi que ele usava bastante, as guitarras estão no fundo, mas são sempre muito boas, são pesadas mas não são, dá pra entender?
O baixo de Humberto é um espetáculo a parte sempre, as linhas são sempre muito bem construídas.
Eram apenas 3 e não necessitavam de mais nada.
O final ‘dançante’ é um encanto.
03. Pampa No Walkman
Pra quem nunca foi pro sul ou nunca teve curiosidade pela MPG (música popular gaúcha) não vai entender bem essa faixa. Quase uma resposta a faixa do disco anterior a esse Sampa No Walkman, no caso uma tijolada como a grande e louca Sampa merecia.
Com uma letra mais que surreal e extremamente bem composta é um mistura de ritmos do sul com uma dose extra da viagem progressista. (Lá estamos com o G,L&M).
Carlos dá show nas percussões por aqui, e é chover no molhado em falar de Augusto.
04. Túnel Do Tempo
Os primeiros synths e teclados aparecem por aqui, numa pseudo-balada, cheia de dor por algo que não se explica.
Adentrar o início dos anos 90 com um som desses não é pra qualquer um, ainda mais depois de ter alcançado um sucesso estrondoso com o disco de 1990 O Papa É Pop, uma banda que arrisca o que tem para fazer algo a mais, isso sim merecia respeito. E tenho dito.
Os Flintstones continuam a rolar! Isso sim é afirmação. Canção profética. Há uma luz no fim do túnel e não é um trem na contra-mão! Genial!
05. Chuva De Containers
Depois de uma breve parte onde Carlos se solta temos uma das coisas mais legais, quase um coro de igreja, cantando às mazelas da vida é hora de emendarmos Chuva De Containers.
Triste vocação a nossa elite burra se empanturra de biscoito fino! cara tem que ter peito e uma mente ágil pra escrever assim. Não escondo que queria escrever como ele.
A canção de repente embala e se torna um progressivo a La Rush, destaque pras passagens de guitarra e da combinação perfeita entre bateria e baixo.
Não, nós não caberemos todos em Miami, ame-o ou deixe-o! Ai caraca!
Solo mais que esperto de Augusto e final mais sensacional, com direito a citação do nosso Hino e mais quebradeira. Quase uma raiva contida!
06. Pose (Anos 90)
O fim do primeiro lado do LP tinha que ser emocional, e já começamos bem com o teclado, que letra é essa pô? Esqueçam a versão patética do último acústico deles.
E como sempre as frases de Augusto são perfeitas, ora jazz ora rock, um pouco de tudo que se precisa.
Quando a bateria entra está na hora da emoção mais uma vez nos levar a lugares nunca alcançados pelo homem simples e preconceituoso.
A canção tem um pé atrás o tempo todo em sua letra, sempre dizendo que as coisas estão ruins, mas que não vamos nunca nos deixar levar e sempre impor a vontade própria de cada um.
Mais pro fim a música dá uma outra guinada, cheia de marcações.
Quando achamos que acabou! Que nada, melhor assim.
07. No Inverno Fica Tarde + Cedo
Piano emocional e melancólico! Letra fantástica!
A música vai aumentando (em termos de massa sonora), a levada continua a mesma mas de alguma maneira a canção cresce e fica mais que sensacional, os vocais dobrados de Humberto são excelentes, ainda mais quando cantados quase num grito desesperado.
08. Canibal Vegetariano Devora Planta Carnívora
Gosto dessa pegada de bateria, e esse nome é mais que genial. Dessa vez o baixo é sintetizado, mas Humberto é um ótimo melodista, então isso não faz diferença (risos), a guitarra de Augusto como se fosse um bug computadorizado é outra coisa a se estudar. Várias vocalizações.
Quando a banda entra a tona… Contra a tradição = a contradição, genial!
A banda entra já em fast forward numa linha de baixo que é muito boa.
Em tom de hino a banda leva uma letra muito boa em extrema comunhão com o som.
É só curtir esse som dos infernos com uma letra mais que genial.
09. Parabólica
O único porém do disco fica por aqui, não porque a música é ruim, pelo contrário, mas destoa de todo o resto do disco, uma canção composta por Humberto para sua filha com a ajuda mais que especial de Augusto nos violões.
Talvez por ter um sentido todo especial tenha sido incluída, mas de maneira nenhuma é uma música ruim, talvez por ter tocado bastante também me incomode um pouco.
A letra é totalmente estranha, o que a torna mais interessante.
10. A Conquista Do Espelho
Sabem de uma coisa? Com certeza todos vocês já ouviram o The Dark Side Of The Moon do Pink Floyd, pois é, pra mim ele tem a melhor seção final de canções pra terminar um disco, no caso Brain Damage e Eclipse. Pois me arriscando com minhas palavras (e as faço sem qualquer tipo de temor), comparo a trinca final desse disco lado-alado com o fim de Dark Side.
11. Problemas… Sempre Existiram
Do fim quase desesperançoso da outra faixa entramos em um trem bucólico e existencialista, Humberto estava mais que inspirado, e os dedilhados de Augusto mais que ajudavam, profetizavam as palavras. Bons teclados por todo o lado e sintetizadores eternos no fundo de tudo.
Marca-se o compasso e começa-se uma canção emocional, é impressionante que Humberto praticamente não escreveu refrões pra esse disco. Cara, como eu queria compor assim.
… O último poema…
12. A Conquista Do Espaço
5, 4, 3, 2, 1… Conquistando e explorando espaços nunca antes tentados.
Ainda não consegui descobrir que tipo de influência exata ou que tipo de som eles estavam fazendo na época, mas quer saber? Isso é o menos importante, rótulos! Pra que servem? Nada!
A quase valsa/tango encerra o fim do disco junto de um quase discurso profético Gessingeriano e sensacional.
Se quiserem embarquem… E ainda tem citação do disco anterior com a melodia de Sampa No Walkman e citando Pampa No Walkman. Difícil? Não! Só genial.
Você é preconceituoso e burro a ponto de taxar qualquer coisa antes de ouvir? Passe longe!
Você é mente aberta e acha que se deve ouvir tudo de uma maneira atenta e com vontade? A casa é sua!
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